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mercredi 3 septembre 2008

Aulas em contentores enquanto duram obras

"É ali que os alunos vão ter aulas? Pensei que fossem os contentores das obras." Uma gaffe de José Sócrates, à chegada ao Liceu Pedro Nunes, marcou ontem o arranque de uma visita a três escolas de Lisboa, que serão totalmente remodeladas.
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, apressou-se a esclarecer: "São monoblocos para os alunos terem aulas, eles depois nem querem sair daqui." Sintra Nunes, presidente da Parque Escolar, empresa criada pelo Governo para gerir as obras nas escolas, reforçou: "Estas salas provisórias são as melhores, vão ser utilizadas 240 durante as obras por todo o País." Os contentores são acanhados, mas têm aquecimento e ar condicionado. A directora do liceu, Ana Vilarinho, reconheceu que é um sacrifício necessário.
Na visita às Escolas Pedro Nunes, Filipa de Lencastre e Passos Manuel, foi possível constatar o elevado grau de degradação das instalações. "Há salas onde chove como na rua", queixou-se a presidente da Comissão Instaladora da Filipa de Lencastre, Manuela Sena.
Esta primeira fase do plano de modernização custará 209 milhões de euros e prevê intervenções em 26 escolas por todo o País. No total, o plano incide em 330 escolas e representa um investimento de 940 milhões. Os liceus ontem visitados são património nacional e há a preocupação de manter a traça original. "Serão intervenções muito conservadoras e com o objectivo de tornar as escolas mais funcionais", disse ao CM Teresa Heitor, responsável da Parque Escolar.
"EDUCAÇÃO É ÁREA PRIORITÁRIA"
O primeiro-ministro garantiu ontem que a Educação é a área "prioritária" do Governo, destacando os 400 milhões de euros investidos no Plano Tecnológico. "É aqui que se joga o futuro do País, para o bem e para o mal", disse José Sócrates no Liceu Passos Manuel, satisfeito com o arranque das obras: "Ficámos espantados com os anos que passaram sem terem sido feitas quaisquer intervenções. A sensação que fica é a de que já vamos tarde." Antes, o arquitecto Vítor Mestre, responsável pela obras no Passos, brincara com o facto de na construção original, em 1911, o orçamento se ter esgotado só nas fundações. A ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues pegou na deixa: "Espero que o dinheiro chegue para mais do que as fundações". E dirigindo-se aos profissionais das 26 escolas que vão para obras, disse: "Vai ser mais pesado ensinar este ano, mas no final estaremos todos a festejar."
MINISTRA REGAE ÀS CRÍTICAS DOS SINDICATOS
A ministra da Educação desvalorizou as críticas dos sindicatos a propósito dos 40 mil professores que não foram colocados.
"A contestação faz parte da vida social. No início de cada ano, o Ministério coloca professores apenas para necessidades residuais, como a substituição de pessoas que se reformaram ou que estão ausentes por qualquer motivo. É um número de colocações reduzido que corresponde às necessidades que as escolas manifestaram", disse à TSF.
Sócrates foi mais duro: "O tempo da facilidade acabou. Muitos gostariam que o Estado contratasse mesmo que não precisasse deles. Quem quiser que fique com essa discussão, para nós não tem o mínimo sentido."
APONTAMENTOS
D. JOÃO DE CASTRO
A escola D. João de Castro, que tanta polémica gerou, foi remodelada no âmbito da fase--piloto deste plano e está pronta a iniciar o ano, garantiu Maria de Lurdes Rodrigues: "Já começaram as obras na Rainha D. Amélia, ao lado, e em menos de um ano teremos ali um pólo de ensino moderno e inédito."
LISBOA SEGUE EXEMPLO
António Costa lembrou que a Câmara de Lisboa vai gastar 44 milhões até 2011 com obras em 80 escolas e construção de sete do Pré-escolar e 1.º Ciclo do Básico.

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