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samedi 23 août 2008

Onda de violência coloca pressão no Governo

PSD exige saída do MAI, e até no PS se pedem medidas
As críticas à falta de actuação do Governo e do ministro da Administração Interna face aos crimes violentos das últimas semanas sucedem-se. E vêm não só da Oposição, mas também de dentro do próprio PS. E até o PSD já pede a demissão de Rui Pereira.
Vital Moreira já tinha feito oaviso, num comentário publicado anteontem no seu blogue: "A segurança de pessoas e bens é a primeira missão de qualquer Estado e de qualquer Governo. Um Governo de Esquerda moderna não pode padecer da pecha tradicional dos governos de Esquerda, de "moleza" em matéria de segurança." O constitucionalista, próximo do PS, exigiu, por isso, "uma posição política firme do Governo e a tomada de medidas apropriadas" para combater "o notório aumento dos crimes violentos contra a propriedade ".
Ontem, em declarações ao JN, foi a vez de Joaquim Raposo, dirigente nacional do PS, líder da Federação de Lisboa e presidente da Câmara da Amadora, alertar que "um Governo de Esquerda tem a obrigação de repor a autoridade das forças policiais, porque o pior que pode acontecer é falta de autoridade". O autarca pediu ainda "mais operações de patrulhamento" para "fazer face ao clima de insegurança que está a aumentar nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto". E garante ao JN, em tom de alerta: "Em algumas zonas, em certas horas, há quem tenha medo de sair à rua".
O tema merece atenção especial dos partidos à Direita. No início da semana, o CDS-PP voltou a chamar Rui Pereira ao Parlamento, depois da mesma audição já ter sido chumbada pela maioria socialista.
Todavia, a reacção mais dura surgiu no final da tarde de ontem. Um comunicado da Comissão Permanente do PSD pediu a demissão de Rui Pereira, acusando José Sócrates de "ignorar os problemas que verdadeiramente estão a preocupar os portugueses" e de tentar "enganosamente transmitir uma ideia de normalidade em matéria de segurança".
Acontece que os alertas não vêm só de meios políticos. Até o director do Gabinete Coordenador da Segurança, Leonel Carvalho, admitiu estar preocupado com a crescente sofisticação e violência dos crimes praticados. E avisou para a necessidade de "ter mais cuidado com o garantismo excessivo de que beneficiam determinados indivíduos que praticam actos criminosos", numa alusão ao recente Código de Processo Penal que também mereceu muitas críticas da Procuradoria-Geral.
Face à pressão mediática, o ministro da Administração Interna foi ontem à SIC, quebrando um silêncio que perdurava desde o término do assalto ao BES. Rui Pereira admitiu a existência de uma onda de violência que "tem causado preocupação". Mas acredita que os crimes registados "provam que o que o Governo tem feito é correcto".
"Não fui de férias", sublinhou o ministro. "Não perdi tempo", disse, explicando que mandou abrir vagas para a Polícia e abrir concurso para compra de armas. A mensagem era clara: "Só cheguei há um ano" e as medidas só têm efeitos em 2009. Rui Pereira ainda elogiou as "políticas correctas" do seu antecessor, mas o registo ficava feito. Depois, ficava a resposta ao PSD "irresponsável": enquanto o "país precisar e o primeiro-ministro confiar em mim" não se demitirá, garantiu.

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