Saúde. Na última semana, o Ministério da Saúde emitiu 'vales cirurgia' com possibilidade de serem utilizados em hospitais que não realizam a operação determinada no próprio vale, a colocação de banda gástrica. O DN falou com uma doente que passou por esta situação e está indignada com o erroUtentes afectados vão voltar às listas de esperaCatarina Alves está em lista de espera para colocar uma banda gástrica desde Fevereiro de 2007. Depois de três anos de consultas no Serviço de Endocrinologia no Hospital de São Marcos, em Braga, os médicos consideraram que a empregada de escritório de 28 anos cumpria os requisitos para realizar a cirurgia. Com 120 quilos quando começou a ser seguida - agora já está nos 107 -, Catarina explica que o peso excessivo agrava os seus problemas respiratórios e piora as dores na coluna, além de todas as limitações que impõe à sua vida diária. Assim, foi com desânimo que recebeu a notícia, há cerca de dois meses, que a última pessoa a ser operada no hospital se encontrava na lista desde Janeiro de 2006, conta. Esta semana recebeu finalmente boas notícias: uma carta do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), com um "vale cirurgia" para efectuar a colocação da banda gástrica num de quatro hospitais privados à sua escolha. Seguindo as instruções da carta, Catarina entrou em contacto com o hospital seleccionado, onde lhe disseram que seria necessário deslocar-se à instituição, no Porto, para dar andamento ao processo. Entusiasmada com a possibilidade de resolver o problema, não perdeu tempo. Mas no hospital esperava-a uma enorme desilusão. Dizem-lhe que não realizam este tipo de cirurgia, "porque ainda não foi assinada a convenção entre o Ministério da Saúde e os particulares", conta. Uma situação que se repete nos outros três hospitais referidos na carta do SIGIC. Indignada, recorreu à Unidade Regional de Gestão de Inscritos para Cirurgias, onde foi informada de que os vales não são válidos devido a um erro informático. O Ministério da Saúde reconhece o erro e admite que desde 22 deste mês "foram emitidos vales com a possibilidade de serem utilizados em hospitais que não tinham capacidade para realizar o procedimento cirúrgico determinado no próprio vale". Segundo o ministério, as emissões destes vales têm sempre em conta os procedimentos oferecidos pelos hospitais convencionados (privados e sociais). Assim, em Julho, os hospitais foram notificados de que deveriam rever o seu conjunto de procedimentos, "de forma a garantir que não disponibilizavam intervenções que não tinham possibilidade de efectuar". No entanto, "algumas instituições não o efectuaram atempadamente". Assim, alguns utentes receberam vales para procedimentos para os quais não existe actualmente resposta no sector convencionado. O ministério explica que os utentes afectados vão voltar ao hospital de origem sem perder a antiguidade na lista de espera e que já foram tomadas medidas para impedir novos erros deste género. No entanto, para Catarina, esta foi uma situação "vergonhosa" porque criou "falsas esperanças". Por isso, vai escrever à ministra da Saúde a relatar o seu caso.
DN
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