Foram minutos de medo e de pavor. A locomotiva circulava devagar, um quilómetro depois da estação de Brunheda, no concelho de Carrazeda de Ansiães. Eram cerca das 11h00, e sem que nada o fizesse prever, quando o comboio descarrilou ao longo de quase trinta metros. Caiu numa ravina de quatro metros, provocando a morte de uma passageira, ferimentos graves a dois e ligeiros a 42. Outras cinco pessoas foram assistidas no local apenas por precaução. Circulavam na composição 48 pessoas (incluindo o maquinista), numa linha que mais uma vez é encerrada na sequência de um acidente – o quarto no último ano e meio e que regista a quarta morte nesse período.
Olema Alves, de 47 anos, foi a única vítima mortal. Cuspida da composição, ficou esmagada entre a automotora e o solo, acabando por ter morte imediata. Outros passageiros, que iam de pé, foram projectados contra os vidros da composição, partindo-os. Os momentos que se seguiram ao descarrilamento foram dramáticos. "Os telefones não funcionavam e tentámos não entrar em pânico. Fizemos cerca de um quilómetro a pé até encontrar ajuda", conta Nuno Urbano, um dos passageiros, lembrando que até o telefone que equipa a locomotiva não estava operacional.
"Ouvi um grande estrondo e quando cheguei alguns pescadores já estavam a ajudar a tirar as pessoas do interior da automotora. Alguns deles saíram pelo vidro da frente", explicou a testemunha Francisco Grilo, ainda muito abalado .
O socorro foi rápido. Minutos depois dos primeiros pedidos de ajuda chegavam ao local ambulâncias dos bombeiros e equipas do INEM.
Os feridos foram divididos por vários hospitais – Vila Real, Mirandela e Bragança. O corpo da vítima mortal foi levado para o Hospital de Mirandela.
"SE NÃO HOUVER SEGURANÇA A LINHA SERÁ ENCERRADA": Mário Lino, Min. das Obras Públicas e Transportes
Correio da Manhã – Quais as causas deste acidente?
Mário Lino – Dei ordens no sentido de ser aberto de imediato um inquérito. Até dia 26 terei o relatório preliminar e um mês depois o relatório final. As razões são desconhecidas. Portugal tem um baixo índice de sinistralidade ferroviário, mas é um facto que na Linha do Tua este é o 4.º acidente em ano e meio. Os acidentes não têm as mesmas razões e não aconteceram nos mesmos sítios.
– Há muitas críticas à falta de segurança da linha.
– A linha é vistoriada a pé todos os meses. No dia 14 foi feita a última vistoria a pé. E todos os dias, de madrugada, uma pequena locomotiva passa pelo troço e faz a inspecção.
– Encerramento definitivo da linha é uma hipótese?
– Se chegarmos à conclusão de que não existe condições de segurança, tem de ser encerrada definitivamente, mas o nosso objectivo não é fechar a linha. Estamos aqui para garantir que a linha funcione em condições.
ESMAGADA ENTRE COMBOIO E O CHÃO
O lema Conceição Alves, de 47 anos, era natural de Vimioso, Bragança, mas residia em Mira de Aire, Leiria. Doméstica de profissão e mãe de um jovem de 23 anos, aproveitou o dia de ontem para fazer uma viagem pelo Tua. Seguia acompanhada de uma amiga da mesma localidade do Centro do País e das duas filhas daquela, gémeas de nove anos. Alicia e Edna estavam com a mãe, sentadas nos bancos do comboio, enquanto Olema, provavelmente por conhecer bem a locomotiva, seguia de pé, em pose descontraída. Não se terá apercebido do acidente e foi cuspida por uma janela. Acabou por sofrer morte imediata, quando ficou esmagada entre a composição e o terreno.
A família recebeu a notícia pouco tempo depois. "Estava em Bragança a trabalhar quando vi o acidente pela televisão. Nem sabia que ela ia naquele comboio, por isso nem liguei muita importância. E quando me disseram o que tinha acontecido nem queria acreditar que tivesse sido a minha irmã", disse ao CM Rosa Alves.
Quem também acorreu à morgue de Mirandela, para onde o cadáver foi de imediato transportado, foi Vítor Babo, cunhado da vítima. Visivelmente consternado disse que foi contactado por um familiar, que lhe deu a triste notícia. "Falaram primeiro com o meu filho, que depois me contou o que tinha acontecido. Viemos imediatamente para aqui para saber mais informações", recorda.
A amiga de Olema, Fátima, que a acompanhava no passeio no Tua, estava também na mesma unidade de saúde. Recebeu assistência no local a um ferimento considerado ligeiro e depois acompanhou uma das filhas, que se encontrava com ferimentos mais graves. Alicia foi operada porque apresentava lesões num braço, a orelha cortada e dedos da mão partidos.
Enquanto a irmã recebia cuidados de saúde, Edna esperava com os familiares de Olema. Todos a tentavam animar, fazendo-a esquecer a tragédia que vivera e garantindo que a irmã recuperaria rapidamente.
Olema Alves, de 47 anos, foi a única vítima mortal. Cuspida da composição, ficou esmagada entre a automotora e o solo, acabando por ter morte imediata. Outros passageiros, que iam de pé, foram projectados contra os vidros da composição, partindo-os. Os momentos que se seguiram ao descarrilamento foram dramáticos. "Os telefones não funcionavam e tentámos não entrar em pânico. Fizemos cerca de um quilómetro a pé até encontrar ajuda", conta Nuno Urbano, um dos passageiros, lembrando que até o telefone que equipa a locomotiva não estava operacional.
"Ouvi um grande estrondo e quando cheguei alguns pescadores já estavam a ajudar a tirar as pessoas do interior da automotora. Alguns deles saíram pelo vidro da frente", explicou a testemunha Francisco Grilo, ainda muito abalado .
O socorro foi rápido. Minutos depois dos primeiros pedidos de ajuda chegavam ao local ambulâncias dos bombeiros e equipas do INEM.
Os feridos foram divididos por vários hospitais – Vila Real, Mirandela e Bragança. O corpo da vítima mortal foi levado para o Hospital de Mirandela.
"SE NÃO HOUVER SEGURANÇA A LINHA SERÁ ENCERRADA": Mário Lino, Min. das Obras Públicas e Transportes
Correio da Manhã – Quais as causas deste acidente?
Mário Lino – Dei ordens no sentido de ser aberto de imediato um inquérito. Até dia 26 terei o relatório preliminar e um mês depois o relatório final. As razões são desconhecidas. Portugal tem um baixo índice de sinistralidade ferroviário, mas é um facto que na Linha do Tua este é o 4.º acidente em ano e meio. Os acidentes não têm as mesmas razões e não aconteceram nos mesmos sítios.
– Há muitas críticas à falta de segurança da linha.
– A linha é vistoriada a pé todos os meses. No dia 14 foi feita a última vistoria a pé. E todos os dias, de madrugada, uma pequena locomotiva passa pelo troço e faz a inspecção.
– Encerramento definitivo da linha é uma hipótese?
– Se chegarmos à conclusão de que não existe condições de segurança, tem de ser encerrada definitivamente, mas o nosso objectivo não é fechar a linha. Estamos aqui para garantir que a linha funcione em condições.
ESMAGADA ENTRE COMBOIO E O CHÃO
O lema Conceição Alves, de 47 anos, era natural de Vimioso, Bragança, mas residia em Mira de Aire, Leiria. Doméstica de profissão e mãe de um jovem de 23 anos, aproveitou o dia de ontem para fazer uma viagem pelo Tua. Seguia acompanhada de uma amiga da mesma localidade do Centro do País e das duas filhas daquela, gémeas de nove anos. Alicia e Edna estavam com a mãe, sentadas nos bancos do comboio, enquanto Olema, provavelmente por conhecer bem a locomotiva, seguia de pé, em pose descontraída. Não se terá apercebido do acidente e foi cuspida por uma janela. Acabou por sofrer morte imediata, quando ficou esmagada entre a composição e o terreno.
A família recebeu a notícia pouco tempo depois. "Estava em Bragança a trabalhar quando vi o acidente pela televisão. Nem sabia que ela ia naquele comboio, por isso nem liguei muita importância. E quando me disseram o que tinha acontecido nem queria acreditar que tivesse sido a minha irmã", disse ao CM Rosa Alves.
Quem também acorreu à morgue de Mirandela, para onde o cadáver foi de imediato transportado, foi Vítor Babo, cunhado da vítima. Visivelmente consternado disse que foi contactado por um familiar, que lhe deu a triste notícia. "Falaram primeiro com o meu filho, que depois me contou o que tinha acontecido. Viemos imediatamente para aqui para saber mais informações", recorda.
A amiga de Olema, Fátima, que a acompanhava no passeio no Tua, estava também na mesma unidade de saúde. Recebeu assistência no local a um ferimento considerado ligeiro e depois acompanhou uma das filhas, que se encontrava com ferimentos mais graves. Alicia foi operada porque apresentava lesões num braço, a orelha cortada e dedos da mão partidos.
Enquanto a irmã recebia cuidados de saúde, Edna esperava com os familiares de Olema. Todos a tentavam animar, fazendo-a esquecer a tragédia que vivera e garantindo que a irmã recuperaria rapidamente.
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